Gestão de stakeholders: um novo caminho


Boa notícia para os Administradores. Estabelecendo novos paradigmas e perspectivas, uma nova abordagem está ganhando força em nossa área de estudos: a Teoria dos Stakeholders.
A interação das organizações com o seu ambiente é objeto de estudo da Administração há décadas. Desde a Teoria Geral dos Sistemas, até os dias de hoje, muitos versaram sobre a questão – em particular, no campo da Gestão Estratégica. Como pesquisadores e praticantes, seguimos procurando a resposta para uma grande questão: o que leva uma organização a ter um desempenho superior?
Um caminho muito promissor para ajudar a responder essa questão está sendo desenvolvido pelos pesquisadores da corrente da Teoria dos Stakeholders.
Conceituados pela maioria dos autores da área como aqueles que afetam ou são afetados pelo cumprimento dos objetivos organizacionais, os stakeholders, tipicamente exemplificados pelos clientes, fornecedores, funcionários, proprietários, sociedade, meio-ambiente e governo, dentre tantas outras possibilidades, estão ganhando atenção dos pesquisadores e praticantes. Segundo a Teoria dos Stakeholders, um caminho para desempenho superior das organizações está na forma como a organização faz a Gestão dos seus Stakeholders.
Os stakeholders têm demandas, desejos e interesses: aspectos que movem o relacionamento com a organização. Seus clientes estão satisfeitos? Qual a percepção dos seus funcionários quanto aos planos futuros da organização? Quando um Administrador realiza investimentos, os interesses de todos os stakeholders estão sendo considerados? Os interesses dos proprietários estão sendo priorizados em detrimento dos demais stakeholders? Ou é o contrário? Essas questões, dentre tantas outras, fazem parte da rotina de estudo de pesquisadores por todo o mundo.
Tais estudos começaram a ganhar força no ambiente da Responsabilidade Social Corporativa. Com uma posição prescritiva, muitos pesquisadores advogavam e advogam, desde a década de 50, que conviver em harmonia com a sociedade e o meio-ambiente era algo necessário para a sobrevivência organizacional, considerando, além de aspectos exclusivamente econômicos.
A abordagem crítica de autores ligados à Teoria da Firma que, em geral, advoga a primazia dos interesses dos proprietários sobre os dos demais stakehoders, e que segue como mainstream na área da Administração, foi um importante contraponto. 
Com elas, os pesquisadores da Responsabilidade Social Corporativa precisaram ser mais operacionais e específicos. Tentaram provar o que sua tese advogava. Eis que obtivemos inúmeros estudos empíricos que, por anos, tentaram estabelecer relações entre Desempenho Financeiro e o Desempenho Social Corporativo das organizações.
Após três décadas de muitos testes de hipóteses e análises de dados, a tese de que investir em Responsabilidade Social Corporativa implica em melhor Desempenho Financeiro segue inconclusiva. Há pesquisadores que encontraram evidências positivas, negativas e neutras. Porém, os esforços deixaram um legado importantíssimo. Ao realizarem testes empíricos, os pesquisadores perceberam o quão complexo é o significado e o cálculo do Desempenho Social Corporativo. Investimentos em Filantropia? Algo muito incompleto. Desenvolvimento de programas sociais? Também incompleto. 
Respeito ao meio-ambiente e estímulo ao consumo consciente? Ainda incompleto. Uma visão estratégica e holística se fazia necessária. Durante as pesquisas, um caminho se abriu: o ambiente é muito complexo, com muitas interações para serem administradas. Para compreender os impactos de uma organização em seu ambiente, uma operacionalização viável seria dividi-los em grupos específicos: no caso, os stakeholders. Entender como distribuir recursos, seus objetivos e administrar adequadamente os relacionamentos para com eles seria um caminho para compreensão do desempenho social corporativo.
Com reforços teóricos de peso, houve um grande crescimento de publicações sobre a temática. No campo da Administração Estratégica, os estudos sobre stakeholders têm sido publicados com frequência nos principais periódicos acadêmicos da Administração – por exemplo, o Strategic Management Journal.  Questões como “há stakeholders que devem ser priorizados? Como compreender adequadamente os desejos e interesses dos stakeholders? Quais recursos tangíveis e intangíveis afetam a satisfação dos stakeholders?” estão na pauta dos pesquisadores. 
De forma pragmática: estamos acompanhando o estabelecimento de uma corrente teórica relevante e com foco na criação e distribuição de resultados em uma sociedade.  Por isso, a boa nova: estamos aprendendo uma nova forma de mostrar como o conhecimento administrativo pode impactar positivamente a todos, com criação de riqueza para as organizações e seus stakeholders.
Artigo publicado originalmente na Revista Coletânea Adm da Associação Brasileira de Administração.
Fonte:http://www.administradores.com.br/

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