Veja 15 grandes descobertas científicas da última década!
Desde que o mundo assistiu em
suspense ao pouso do robô Philae sobre o cometa 67P-Churyumov-Gerasimenko, a
"cereja do bolo" da missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia
(ESA, na sigla em inglês), as descobertas da ciência tornaram-se assunto
regular nas mídias sociais. Seja pela postagem de fotos da Terra vista do
espaço, promovida por astronautas e satélites, ou pelos avanços de cientistas
na busca pela reprodução da vida e erradicação de doenças, a ciência tornou-se
uma assunto "sexy". Veja nossa lista de grandes descobertas da última
década e quais você acrescentaria para formar uma lista das "20
mais".
1. Plutão rebaixado (2005)
Em janeiro de 2005, uma equipe
coordenada pelo astrônomo Mike Brown, do Observatório Palomar, na Califórnia,
descobriu o planeta anão Eris, com 27% mais massa que Plutão e bem próximo
dele, numa região conhecida como cinturão de Kuiper. O achado trouxe uma
consequência: no ano seguinte, a União Astronômica Internacional entendeu que a
probabilidade de encontrar outros corpos rochosos gelados com aquelas dimensões
na região era tão alta (como se confirmou depois), que a definição do pobre
Plutão não fazia mais sentido. O resultado? Ele foi rebaixado para
"planeta anão". Vale lembrar que a Nasa (agência espacial americana)
enviou uma sonda para Plutão pouco antes da mudança. E a New Horizon deve
chegar ao destino no meio deste ano.
2. Matéria escura existe mesmo (2006)
Uma colisão entre dois aglomerados de
galáxias registrado pelo telescópio Chandra, da Nasa, trouxe a evidência que
faltava para os astrônomos confirmarem a existência da matéria escura. Até
então, todos já sabiam que boa parte do Universo (cerca de 25%) é composta por
esse material, que é invisível (não emite luz), mas exerce força gravitacional.
A colisão, que formou o aglomerado 1E0657-556, gerou tanta energia que a
matéria comum que existia parou, mas a matéria escura "continuou andando".
Apesar de provar sua existência, os cientistas ainda não sabem do que é feita
essa coisa invisível - eles imaginam que seja uma partícula ainda não
descoberta. Não confunda o termo com "energia escura", que
provavelmente existe em abundância maior ainda no Universo e também foi foco de
estudos importantes na última década.
3. Células reprogramadas (2007)
Células-tronco são
a grande promessa da ciência para revolucionar a medicina, já que podem se
transformar em qualquer outra célula do corpo, e não há nada igual às
embrionárias nesse aspecto. Mas a utilização desse recurso envolve questões
éticas. Pesquisadores apresentaram uma alternativa bastante promissora ao
conseguir reprogramar células adultas de pele humana para que se tornassem
capazes de se diferenciar em vários tecidos. Dois grupos independentes -- um
liderado por James Thomson, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, e
outro por Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, no Japão --
demonstraram em 2007 a eficácia de um método que já tinha sido usado com
sucesso em camundongos um ano antes. Yamanaka até recebeu o Nobel, em 2012, por
suas pesquisas. Só em 2014, no entanto, é que foi feito o primeiro teste em
humanos com células iPS. Uma mulher de 70 anos, no Japão, recebeu um implante
para tratar uma doença ocular que causa cegueira. Apesar dos avanços, que já
tem feito cientistas recriarem tecidos de órgãos e até neurônios, ainda há um
longo caminho pela frente para confirmar se as iPS são mesmo o futuro da
medicina.
4. Planetas como o nosso lá fora (2008)
Com ajuda do telescópio Hubble e de
observatórios no Havaí, astrônomos conseguiram "fotografar" exoplanetas
(aqueles fora do Sistema Solar) pela primeira vez. Eles promoveram uma espécie
de eclipse artificial para conseguir se livrar do brilho das estrelas, que
atrapalhava a visão desses planetas distantes. Os primeiros
"fotografados" foram um exoplaneta com três vezes a massa de Júpiter
em volta da estrela Fomalhaut e três outros em volta da estrela HR 8799. Desde
então, os cientistas têm descoberto planetas extrassolares em profusão.
"Em 2004 eram poucas dezenas, e atualmente o número de confirmações se
aproxima de 2.000", comenta o astrofísico Gustavo Rojas, da UFSCar
(Universidade Federal de São Carlos). Há sistemas planetários múltiplos,
planetas em sistemas estelares múltiplos e muitas Super-Terras na lista, como
destaca o especialista. E, segundo dados do telescópio Kepler, da Nasa, cerca
de uma em cinco entre as 50 bilhões de estrelas da nossa galáxia devem ter em
sua órbita um planeta com condições semelhantes à Terra e com potencial de
abrigar vida.
5. Água em Marte (2008)
A sonda Mars Phoenix Lander, da Nasa,
detectou, em 2008, minerais no solo de Marte que indicam que o Planeta Vermelho
já esteve coberto por lagos, rios e outros ambientes capazes de abrigar vida. O
equipamento também fotografou pedaços de um material brilhante em um buraco que
parecia gelo, reforçando o indício revelado por outras sondas da presença de
água abundante no passado do planeta. Em 2013, porém, a sonda Curiosity trouxe
uma revelação ainda mais notável: ainda há muitas moléculas de água presas
entre os minerais no solo do planeta. Pode parecer pouca coisa, mas
disponibilizar H2O poderá ser crucial no caso de o homem viajar a Marte um
dia.
6. Em busca da "capa da invisibilidade" (2008)
Cientistas da Universidade da
Califórnia, nos EUA, anunciaram que estão mais perto de criar um material que
pode tornar objetos tridimensionais "invisíveis". Eles desenvolveram
dois materiais que podem reverter a direção da luz em torno dos objetos,
fazendo com que eles "desapareçam". Ele são chamados de "metamateriais"
-- não existem na natureza e são criados artificialmente em escala nano, com
propriedades óticas que fazem a luz se comportar de forma não natural. Ainda
estamos longe de criar uma "capa de invisibilidade" digna dos livros
de Harry Potter, mas há muitos avanços na área.
7. Ciborgues à vista (2009)
Vários avanços foram feitos na última
década no que se refere à interface cérebro-máquina, abrindo caminho para
ajudar pessoas com deficiências, paralisias ou que sofreram amputações a
recuperar os movimentos. Em 2009, Pierpaolo Petruzziello, italiano que vive no
Brasil, conseguiu controlar um braço robótico usando a própria mente, com
eletrodos conectados ao sistema nervoso. Ele foi o primeiro paciente a fazer
movimentos complexos com as mãos, como pegar objetos, com o pensamento. Destacam-se,
nessa área, estudo do brasileiro MIguel Nicolelis, que na última Copa do Mundo
fez um paraplégico chutar uma bola com ajuda de um exoesqueleto.
8. Primeira célula 100% artificial (2010)
Pela primeira vez, cientistas
conseguiram criar uma célula controlada por um genoma sintético, criado a
partir de instruções de computador. A equipe liderada pelo cientista americano
Craig Venter utilizou o genoma de uma bactéria, a Mycoplasma mycoides, e o
implantou em uma célula natural de outra bactéria cujo material genético tinha
sido removido. O micróbio foi "reinicializado" e passou a se
replicar, dando origem a colônias de células sintéticas.O feito abriu portas
para que, no futuro, seja possível criar em laboratório micro-organismos
capazes de sintetizar proteínas importantes para o ser humano, como vacinas ou
biocombustíveis. Também gerou críticas de ONGs, que alertaram para o risco de
micróbios sintéticos caírem na natureza e alterarem o meio ambiente.
9. Temos DNA neandertal (2010)
A revelação abalou a arqueologia.
Pesquisadores do Instituto Max-Planck de Leipzig, na Alemanha, provaram que os
homens de Neandertal, espécie extinta há 30 mil anos, conviveu com os primeiros
homens modernos. E mais: tiveram relações sexuais e filhos com eles. De acordo
com a equipe, cerca de 3% do nosso DNA é neandertal. O sequenciamento genético
completo desse hominídeo foi concluído pela mesma equipe em 2013, e várias
outras descobertas foram feitas em seguida. Um estudo da Universidade de
Washington, por exemplo, encontrou até 20% de genoma neandertal presente em
humanos modernos. Segundo os cientistas, genes que causam diabetes tipo 2,
doença de Crohn e lúpus podem ser remanescentes desse cruzamento. As regiões do
DNA humano que mostraram maior frequência de genes neandertais são aquelas
ligadas à produção de queratina, uma proteína presente em nossa pele, unhas e
cabelos.
10. Sinais do buraco negro no centro da Via Láctea (2011)
Há muito tempo os astrônomos falam
sobre a existência de um enorme buraco negro bem no centro da nossa galáxia, a
Via Láctea. Ele até tem nome: Sagitario A-estrela e estima-se que contenha
aproximadamente 4 milhões de vezes a massa de nosso sol. Observações feitas na
última década trouxeram provas mais concretas do objeto (ninguém ainda
conseguiu enxergá-lo diretamente). Uma delas ocorreu no final de 2011: com
ajuda de telescópios europeus, foi possível detectar uma nuvem de gás com massa
muito superior à da Terra bem próxima de ser devorada pelo buraco negro. Em
2013, novas observações mostraram a nuvem sendo esticada pelo campo
gravitacional do buraco negro. Os cientistas acreditam que acompanhar o
fenômeno ainda trará dados importantes nos próximos anos. Outra evidência forte
do "devorador" do centro da Via Láctea foi registrada em 2012, com
ajuda do telescópio de raios-X Chandra, da Nasa - pesquisadores descobriram uma
enorme quantidade de partículas energéticas sendo "vomitada" pelo
buraco negro.
11. A "partícula-deus" existe (2012)
A descoberta do Bóson de Higgs, a
partícula que desvenda o mistério da massa, foi um dos principais avanços
científicos de 2012 e também das últimas décadas. Detalhado pelo britânico
Peter Higgs em 1964, o bóson é responsável por criar um campo de força dentro
do átomo que dá massa às partículas. Por exemplo: se elas interagem menos com o
campo, ficam com pouca massa, como os elétrons. Se interagem bastante, passam a
ter mais massa, como é o caso dos quarks. Sem o bóson, dizem os cientistas,
átomos agrupados no Universo não poderiam existir, o que inclui os seres
humanos. Por isso ele ficou conhecido como "partícula de Deus"
(embora o termo original fosse "partícula-deus"). O experimento que
comprovou a teoria ocorreu em julho de 2012 no Laboratório Europeu de Física de
Partículas (Cern), com ajuda do Grande Colisor de Hádrons (LHC, da sigla em
inglês), considerado por si só o maior experimento científico de todos os
tempos. Os pais da teoria -- Peter Higgs e François Englert -- receberam o
Nobel de Física já no ano seguinte.
12. "DNA lixo" não é lixo (2012)
Cientistas do projeto internacional
Enciclopédia de Elementos do DNA (Encode) descobriram que 98% do código
genético, antes conhecido como "DNA lixo", exercem papel importante
no desenvolvimento e na manutenção do corpo humano. Até então, acreditava-se
que apenas 2% do DNA eram funcionais, já que somente essa parcela codifica
proteínas. No meio do que já foi considerado descartável, há milhões de
"interruptores" que determinam quando e onde os genes são ligados ou
desligados. Muitos deles estão associados a mudanças genéticas que podem levar
a problemas cardíacos, diabetes, transtornos mentais e outras doenças. O
Encode, criado em 2003 para dar sentido ao enorme "mapa" decifrado
pelo Projeto Genoma Humano, abriu as portas para um enorme campo de pesquisas e
provou que o termo "DNA lixo" é que precisa ir para o lixo.
13. Óvulos criados a partir de células adultas (2012)
Pesquisadores da Universidade de
Kyoto conseguiram transformar tanto células-tronco embrionárias quanto células
pluripotentes induzidas (iPS), formadas a partir de células adultas, em óvulos
viáveis. O experimento foi feito em camundongos. Para testar a fertilidade dos
óvulos, eles foram removidos dos roedores para uma fertilização in vitro e,
depois, reimplantados. As fêmeas geraram proles férteis com óvulos gerados a
partir dos dois tipos de células-tronco. Cientistas já haviam criado
espermatozoides a partir de células-tronco da medula óssea feminina, em 2008, mostrando
que um dia será possível ter filhos sem a presença de um homem. Ambas as linhas
de pesquisa são importantes para, no futuro, ajudar milhares de pessoas que não
conseguem gerar descendentes.
14. Você não está sozinho (2012)
Pesquisas ao longo dos últimos anos
levaram à conclusão de que cada um de nós abriga dez vezes mais bactérias do
que células humanas. Para não falar em outros micro-organismos. Cientistas de
um projeto que reúne quase 80 instituições anunciaram, em 2012, ter
identificado todo o microbioma humano, ou seja, os trilhões de bactérias e
vírus que vivem no nosso corpo. Cada pessoa abriga cerca de 10 mil espécies
diferentes de micro-organismos. "Essas descobertas revolucionam nossa
noção de saúde e doença", comenta o infectologista Reinaldo Salomão,
professor titular da Universidade Federal de São Paulo, lembrando que vários
estudos já associaram doenças como a obesidade a alterações na flora
bacteriana.
15. Novo antibiótico após 30 anos (2015)
Pesquisadores do Centro de Descoberta
Antimicrobiana da Universidade do Nordeste, em Boston, anunciaram neste ano a
descoberta de um novo antibiótico - a última classe desse tipo de medicamento
havia sido introduzida em 1987. A teixobactina foi testada em animais e curou
facilmente várias infecções, como a tuberculose, sem apresentar efeitos
colaterais. O melhor de tudo é que a molécula se mostrou eficaz contra alguns
micro-organismos resistentes aos antibióticos hoje existentes, o que é uma
ótima notícia. O curioso é o que está por trás da descoberta, como ressalta o
infectologista Reinaldo Salomão, professor titular da Universidade Federal de
São Paulo: um método que extrai bactérias que vivem no solo. Embora ele seja
riquíssimo em micro-organismos, apenas 1% deles sobrevivem em laboratório.
"Hoje sabe-se que aquilo que conhecemos representa apenas 1% do universo
da microbiologia", diz o infectologista. Imagine o potencial desses 99%
para curar doenças...
Consultoria:
Gustavo Rojas (astrofísico/Universidade Federal de São Carlos), Marcelo Knobel
(físico/Universidade Estadual de Campinas) e Reinaldo Salomão
(infectologista/Universidade Federal de São Paulo)
Fonte: noticias.uol.com.br
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