GRÉCIA DESBANCA ARGENTINA E ASSUME POSTO DE MAIOR CALOTE DO MUNDO
Após meses de negociação e expectativa, a Grécia desbancou a Argentina e assumiu o posto de maior calote soberano do mundo. Guardadas as diferenças entre as duas situações, a dívida grega reestruturada soma 206 bilhões de euros, bem mais do que os 60 bilhões de euros (US$ 82 bilhões) do default argentino, em 2005. Além do volume maior na dívida total em reestruturação, a perda líquida dos investidores da dívida grega também supera a do caso argentino, segundo projeções de analistas ouvidos pela Agência Estado. Se há uma grande diferença é que, ao contrário da Argentina, a Grécia passou por um longo processo de tratativas com os credores privados. A Argentina partiu para um calote forçado da dívida logo no primeiro momento, em 2001, e só chamou os investidores para a renegociação anos depois, em 2005.
Inicialmente, ninguém acreditava que um membro da zona do euro pudesse protagonizar reestruturação tão profunda, no primeiro caso de default da união monetária. Entretanto, as comparações entre os dois países hoje são plenamente aceitas no velho continente. Há tempos que os analistas argentinos, experientes no assunto, alertavam para as semelhanças dos dois casos, como a falta de confiança externa, a debilidade da liderança política, o mal estar social, os ajustes sucessivos sem resultado e a saída de depósitos. Distúrbios, protestos, rebaixamento de ratings e risco nas alturas formam hoje o cenário grego, já bem conhecido pelos argentinos que foram às ruas em dezembro de 2001 para pedir que "se vayan todos" do governo (que saiam todos).
A oferta de troca da Grécia aplica um desconto nominal de 53,5% sobre o endividamento privado, que totaliza 206 bilhões de euros. Trazida a valor presente, a operação deve representar um desconto líquido aos investidores de até 75%. Para calcular a perda líquida dos investidores, bancos como o Barclays Capital e o Credit Suisse usaram uma taxa de desconto de 12%, maior do que a considerada pelo IIF (de 9%). O resultado é um desconto final de 74% no caso da Grécia, acima dos 73% impostos pela operação da Argentina. "As perdas para os investidores no caso da Grécia, assumindo que nossa taxa de desconto estará próxima do nível pós-reestruturação, podem ser ainda mais penosas (do que as da Argentina)", escrevem os analistas Cagdas Aksu e Donato Guarino, do Barclays Capital, em relatório enviado a clientes. Eles lembram que, até então, o calote argentino era considerado o mais grave já existente, com um dos índices de participação mais baixos do mundo emergente, de 76%.
Hoje, o governo da Grécia informou que a participação dos credores pela lei grega foi de 83,5% da dívida privada total do país. Dos 206 bilhões de euros em títulos, o equivalente a 172 bilhões de euros aceitou a proposta grega. Esse índice permite que o governo ative as cláusulas de ação coletiva (CACs), como já sinalizou. O próximo passo é a troca efetiva dos bônus, prevista para a próxima segunda-feira, 12 de março.
Comparação
Os dois países ofereceram na operação de troca alguns títulos atrelados ao desempenho da economia. Isso significa que parte da remuneração dos investidores varia conforme o desempenho do PIB. De forma geral, se a atividade interna melhorar, os credores recebem mais, e vice-versa. O Barclays Capital avalia, entretanto, que as condições desses títulos são piores no caso grego. As obrigações argentinas também eram indexadas à inflação e podiam pagar os rendimentos atrelados ao PIB a cada ano. Se num determinado período não fosse cumprida a meta do PIB, o pagamento ficava acumulado para o período seguinte. No caso grego, ao contrário, os pagamentos serão referentes a apenas 1% do valor de face dos títulos, desde que sejam atingidas as condições exigidas para o comportamento do PIB. Se em algum ano a meta não for atingida, o pagamento do rendimento fica perdido e não acumula para o período seguinte. "A conclusão é que o valor dos títulos gregos ligados ao PIB deve ser muito menor do que o dos argentinos", dizem os especialistas do Barclays Capital.
Em compensação, a Argentina estava sozinha ao anunciar unilateralmente seu default, enquanto a Grécia conta com o apoio da União Europeia, que formula um segundo pacote de resgate, de 130 bilhões de euros. "O default da Grécia é maior do que o da Argentina, mas a Grécia tem ajuda", disse Wilber Colmeraruer, sócio da consultoria Brazil Funding, em Londres.
Inicialmente, ninguém acreditava que um membro da zona do euro pudesse protagonizar reestruturação tão profunda, no primeiro caso de default da união monetária. Entretanto, as comparações entre os dois países hoje são plenamente aceitas no velho continente. Há tempos que os analistas argentinos, experientes no assunto, alertavam para as semelhanças dos dois casos, como a falta de confiança externa, a debilidade da liderança política, o mal estar social, os ajustes sucessivos sem resultado e a saída de depósitos. Distúrbios, protestos, rebaixamento de ratings e risco nas alturas formam hoje o cenário grego, já bem conhecido pelos argentinos que foram às ruas em dezembro de 2001 para pedir que "se vayan todos" do governo (que saiam todos).
A oferta de troca da Grécia aplica um desconto nominal de 53,5% sobre o endividamento privado, que totaliza 206 bilhões de euros. Trazida a valor presente, a operação deve representar um desconto líquido aos investidores de até 75%. Para calcular a perda líquida dos investidores, bancos como o Barclays Capital e o Credit Suisse usaram uma taxa de desconto de 12%, maior do que a considerada pelo IIF (de 9%). O resultado é um desconto final de 74% no caso da Grécia, acima dos 73% impostos pela operação da Argentina. "As perdas para os investidores no caso da Grécia, assumindo que nossa taxa de desconto estará próxima do nível pós-reestruturação, podem ser ainda mais penosas (do que as da Argentina)", escrevem os analistas Cagdas Aksu e Donato Guarino, do Barclays Capital, em relatório enviado a clientes. Eles lembram que, até então, o calote argentino era considerado o mais grave já existente, com um dos índices de participação mais baixos do mundo emergente, de 76%.
Hoje, o governo da Grécia informou que a participação dos credores pela lei grega foi de 83,5% da dívida privada total do país. Dos 206 bilhões de euros em títulos, o equivalente a 172 bilhões de euros aceitou a proposta grega. Esse índice permite que o governo ative as cláusulas de ação coletiva (CACs), como já sinalizou. O próximo passo é a troca efetiva dos bônus, prevista para a próxima segunda-feira, 12 de março.
Comparação
Os dois países ofereceram na operação de troca alguns títulos atrelados ao desempenho da economia. Isso significa que parte da remuneração dos investidores varia conforme o desempenho do PIB. De forma geral, se a atividade interna melhorar, os credores recebem mais, e vice-versa. O Barclays Capital avalia, entretanto, que as condições desses títulos são piores no caso grego. As obrigações argentinas também eram indexadas à inflação e podiam pagar os rendimentos atrelados ao PIB a cada ano. Se num determinado período não fosse cumprida a meta do PIB, o pagamento ficava acumulado para o período seguinte. No caso grego, ao contrário, os pagamentos serão referentes a apenas 1% do valor de face dos títulos, desde que sejam atingidas as condições exigidas para o comportamento do PIB. Se em algum ano a meta não for atingida, o pagamento do rendimento fica perdido e não acumula para o período seguinte. "A conclusão é que o valor dos títulos gregos ligados ao PIB deve ser muito menor do que o dos argentinos", dizem os especialistas do Barclays Capital.
Em compensação, a Argentina estava sozinha ao anunciar unilateralmente seu default, enquanto a Grécia conta com o apoio da União Europeia, que formula um segundo pacote de resgate, de 130 bilhões de euros. "O default da Grécia é maior do que o da Argentina, mas a Grécia tem ajuda", disse Wilber Colmeraruer, sócio da consultoria Brazil Funding, em Londres.
Fonte: O Estado de São Paulo
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