Sem acordo, estudantes poderão pagar parte da mensalidade fora do Fies
Embora o
Ministério da Educação (MEC) tenha se comprometido a realizar todos as
renovações do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), as instituições de
ensino privadas dizem que a situação ainda não está resolvida: os estudantes
correm o risco de ter de pagar parte da mensalidade fora do financiamento.
O MEC
comprometeu-se a financiar integralmente as mensalidades que tiveram um
reajuste de até 6,41% em relação ao valor cobrado no ano passado. Os alunos que
estão renovando os contratos com reajustes acima desse teto estão recebendo
aviso de que a instituição ainda terá de explicar o reajuste ao Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que gerencia o Fies.
"Os alunos
estão pensando que [o problema] está resolvido, mas recebem um aviso de que
[renovação] é preliminar", diz o diretor executivo da Associação
Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas. Segundo
ele, o MEC colocou trava no financiamento, paga o reajuste até o limite de
6,41%, mas isso não significa que a instituição seja obrigada a reajustar a
mensalidade neste valor. "A instituição teve um reajuste de 10%, o MEC
paga 6,4%, quem paga o resto? Falta o MEC esclarecer isso para o aluno",
exemplifica.
O limite colocado
pelo MEC equivale ao da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) em 2014. Segundo Caldas, os reajustes das instituições
não seguem necessariamente o índice. A média de reajustes foi 9% no período.
Ao estipular o
limite, o MEC argumentou que a trava serve para evitar cobranças abusivas e
garantir que os estudantes consigam quitar a dívida quando sairem da faculdade.
A pasta, junto com o Ministério da Justiça, formou um grupo de trabalho para
analisar a evolução dos valores cobrados nas mensalidades e financiados pelo
fundo.
Em uma das
reuniões desse grupo, de acordo com documento assinado por 38 entidades
nacionais e estaduais do setor privado, e disponibilizado na internet, o MEC
propôs que as instituições reajustassem a mensalidade em 6,41% para ter o valor
todo coberto pelo Fies no semestre, ou que não cobrassem a diferença.
Para as entidades,
isso não é uma possibilidade: os estudantes que não têm o financiamento estão
pagando o valor cheio do reajuste desde o começo do ano. "Não podemos ter
preços diferentes para alunos no mesmo curso com e sem Fies. Fere o princípio
da isonomia. A instituição não pode baixar o preço para atender à vontade do
MEC e cobrar preço menor do que quem paga com recurso próprio", diz
Caldas. A ABMES é uma das signatárias.
O documento cita
também que foram apresentados pelo FNDE casos pontuais de reajustes de até
220%, o que justificaria a imposição de um limite. Para as entidades trata-se
de casos pontuais, que "certamente" são objeto de investigação pelas
"autoridades competentes".
Sobre o assunto, o
FNDE informa: "Este processo não deve ter impacto para o estudante com
financiamento no Fies, que não deve ser discriminado ou impedido de frequentar
aulas ou fazer exames. Os contratos com os estudantes devem ser
cumpridos".
Informa ainda que
Amaury de Oliva, da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério
da Justiça, e Antonio Correa Neto, do FNDE, a quem a carta foi endereçada,
"responderão nos próximos dias diretamente às entidades". O grupo
formado pelo MEC e Ministério da Justiça ainda não concluiu os trabalhos. Por
enquanto, o grupo analisa a evolução dos valores financiados pelo Fies. "A
partir dessa análise, MEC e FNDE notificarão, individualmente, as instituições
de ensino superior (IES) para [convocar] reuniões com o objetivo de tratar dos
reajustes acima do patamar originalmente estabelecido no SisFies – Sistema
Informatizado do Fies".
O Fies oferece
cobertura da mensalidade de cursos em instituições privadas de ensino superior
a juros de 3,4% ao ano. O estudante começa a quitar o financiamento 18 meses
após a conclusão do curso. O programa acumula 1,9 milhão de contratos e abrange
mais de 1,6 mil instituições.
O prazo para as
renovações vai até o dia 29 de maio. De acordo com o último balanço do MEC,
faltam ser renovados 148.757 contratos.
Fonte:http://jconline.ne10.uol.com.br/
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